terça-feira, 10 de março de 2009

Uma prévia do dia 14 de março

O Dia Nacional da Poesia, não por acaso, coincide com o aniversário do grande escritor baiano, Castro Alves, autor de renomadas obras, como o “Navio Negreiro” e “Espumas Flutuantes".

Como dizem, quem é vivo sempre aparece...Depois de um tenebroso inverno, volto a postar em homenagem ao dia 14 de março, Dia da Poesia, dia da arte literária que, como arte, recria a realidade.

Meu poeta preferido é Fernando Pessoa, português, nascido em 13/06/1888, em Lisboa, que sabia como ninguém por no papel aquilo que vai na alma, e que quando perguntado sobre sua biografia dizia, com todo sentido:


"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus."


Em homenagem ao dia 14 de março compartilho a minha poesia favorita:



O amor, quando se revela...

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa

2 comentários:

  1. bem vinda de volta, fernanda!
    qto ao poema, meu favorito é esse:

    Ao Amor Antigo
    O amor antigo vive de si mesmo,
    não de cultivo alheio ou de presença.
    Nada exige nem pede. Nada espera,
    mas do destino vão nega a sentença.

    O amor antigo tem raízes fundas,
    feitas de sofrimento e de beleza.
    Por aquelas mergulha no infinito,
    e por estas suplanta a natureza.

    Se em toda parte o tempo desmorona
    aquilo que foi grande e deslumbrante,
    a antigo amor, porém, nunca fenece
    e a cada dia surge mais amante.

    Mais ardente, mas pobre de esperança.
    Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
    e resplandece no seu canto obscuro,
    tanto mais velho quanto mais amor.

    Carlos Drummond de Andrade

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