quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Tudo é uma questão de visão

Houve uma época em que a Torre Eiffel foi vista como uma aberração, uma cicatriz no Champs de Mars... que coisa, não?

Olhem o que o criador Gustave Eiffel disse às críticas enfrentadas, em 1887:

“Eu lhes direi o meu pensamento e todas as minhas esperanças. Creio que a Torre terá sua própria beleza. Só porque somos engenheiros, vocês acham então que a beleza não faz parte de nossas preocupações nas construções? Que ao mesmo tempo que fazemos o sólido e durável, não nos esforçamos para fazer o elegante? Será que as verdadeiras condições da força não estão sempre conforme às condições secretas da harmonia? O primeiro princípio estético da arquitetura é que as linhas essenciais de um monumento sejam determinadas pela perfeita apropriação de seu destino. Ora, qual a condição tenho, antes de mais nada, que levar em conta para a Torre? Da resistência ao vento! Então! Pretendo que as curvas das quatro arestas do monumento, tais quais o cálculo fornecido, que, partindo de um enorme e inusitado empastamento na base, irão se enfileirar até o cimo, darão uma grande impressão da força e da beleza; elas traduzirão aos olhos da ousadia da concepção dentro de seu conjunto, igualmente aos inúmeros vazios planejados dentro dos próprios elementos da construção; mostrarão a constante preocupação de não expor inutilmente às violências de furacões, às superfícies perigosas para a estabilidade do edifício. Existe de resto, dentro do colosso, uma atração, um charme próprio, aos quais as teorias de arte ordinárias não são jamais aplicadas. Sustentaremos que é pelo seu valor artístico que as Pirâmides impressionaram tanto com imaginação dos homens? Que outra coisa, no fim das contas, que outeiros artificiais? Portanto, qual é o visitante que permanece frio diante de sua presença? Quem não volta repleto de uma irresistível admiração? Qual é a fonte desta admiração, senão a imensidade do esforço e da grandeza do resultado?
A Torre será o mais alto edifício jamais construído pelos homens — não será ela então grandiosa também a sua maneira? Por que o admirável no Egito seria hediondo e ridículo em Paris? Admito: não consigo entender.”

e isso quando ainda não tinham feito a pirâmide do Louvre...

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